
O Preço da Incoerência: Quando Falta Clareza, Carácter e Ética
Vivemos num tempo em que falar de autenticidade virou moda, mas praticá-la continua raro. A incoerência, por mais subtil que seja, cobra um preço alto: nas relações, nos negócios e na vida. E esse preço é, quase sempre, pago com a paz, a confiança e o potencial desperdiçado.
A Clareza é uma força silenciosa. Quando está presente, orienta decisões, sustenta relações e dá direção aos negócios. Quando falta, instala-se a dúvida, o ruído e a instabilidade. Ter clareza não é saber todas as respostas — é saber por onde começar a perguntar.
Do ponto de vista da PNL (Programação Neurolinguística), a clareza nasce da forma como representamos internamente o mundo. Os nossos mapas mentais definem o que vemos, sentimos e decidimos. Quando esses mapas estão distorcidos pela ilusão, pela negação ou pela falta de verdade, agimos em desalinhamento — connosco e com os outros.
A Neurociência reforça que o cérebro precisa de coerência para funcionar bem. A ambiguidade constante ativa o stress e compromete a tomada de decisão. A clareza, por sua vez, reduz o ruído interno, aumenta o foco e favorece respostas alinhadas com os nossos valores.
No Coaching, a clareza é ponto de partida para qualquer transformação. Quem não sabe o que quer, vive ao sabor dos outros. Mas mesmo quem sabe o que quer, se não tiver Carácter para sustentar esse caminho, acabará por trair os próprios princípios.
E aqui entra a Ética, como alicerce inegociável. Sem ética, nenhuma clareza se sustenta. Ela é o fio invisível que mantém a integridade entre intenção, discurso e ação. Ética é a consciência aplicada. É o respeito pelos limites, pelos outros e por si mesmo. É a base da confiança — e quando essa se quebra, todo o sistema colapsa.
Na tradição do Estoicismo, aprendemos que clareza é ver a realidade como ela é, sem drama nem fuga. Epicteto lembrava: “Não são os factos que nos perturbam, mas as interpretações que fazemos deles.”
Já o carácter, no pensamento estoico, é o que nos torna invulneráveis ao caos externo, é o compromisso com a virtude, mesmo quando ninguém está a ver.
Nos negócios, isso é ainda mais visível. Não basta parecer íntegro, é preciso sê-lo.
Equipas desfazem-se, projetos desmoronam e oportunidades evaporam quando há falta de clareza, carácter e ética. Uma única pessoa desalinhada pode contaminar todo um ambiente, corroer a confiança e arrastar consigo até os elementos mais íntegros, deixando um rasto de desgaste, frustração e cinismo.
A incoerência destrói lentamente — porque é subtil, muitas vezes bem-falante, simpática até. Mas a médio prazo, revela a sua verdadeira natureza: instabilidade, manipulação e caos.
E o mais perigoso?
É que muitas vezes só se percebe quando já é tarde.
Por isso, cultivar a clareza, carácter e a ética não é um luxo, é uma escolha vital. Uma proteção. Um ato de lealdade para connosco e para com os outros.
Sem carácter, até a maior clareza se torna vazia e o preço da incoerência pode ser aqueda de tudo o que se construiu com verdade.
Sem carácter, até a maior clareza se perde, porque saber o caminho não basta, é preciso coragem para o seguir com integridade.
Onde a ética está ausente, a clareza é manipulada e o carácter é uma máscara.
Em Amor, Integridade, Ética e Verdade
Paula Francisco

